Terapias

Atrai relacionamentos complicados? Saiba porquê!

As canções de amor falam, quase sempre, de amores difíceis. No cinema, os grandes dramas românticos apresentam sempre um problema que é preciso resolver. A arte reproduz a vida, e se é uma daquelas pessoas que tende a, por mais que o evite, atrair sempre relacionamentos que acabam por mostrar-se complicados e difíceis, entenda porque razão isso acontece e saiba reverter essa situação.

Antes de mais, é muito importante saber reconhecer quando um relacionamento é tóxico ou abusivo. Se não lhe faz bem, se põe em causa a sua estrutura física, psicológica, emocional e a todos os níveis na sua vida, esse é um padrão perigoso que precisa de ser acompanhado por um terapeuta especializado que possa ajudá-lo a superar esse padrão. Nesse sentido, a Psicoterapia é uma ajuda indispensável, e é fundamental pedir apoio de alguém que possa orientar o seu caso específico para que ele seja resolvido.

Não se tratando de um relacionamento que é de algum modo prejudicial à sua integridade, saiba que quando tende a atrair relacionamentos que lhe apresentam dificuldades eles podem esconder algumas pistas analisáveis à luz da espiritualidade. Ao tomar consciência dos motivos que o levam a incidir em escolhas que aparentemente são inconscientes mas que acabam por trazer-lhe dificuldades, será mais capaz de lidar com essas escolhas de uma forma que lhe permita libertar-se desse padrão.

Em primeiro lugar, tendemos a sentir-nos atraídos pelo desafio da conquista. Quando estamos perante uma pessoa que nos desafia de alguma forma, o fascínio que essa pessoa exerce sobre nós pode mostrar-se maior e mais irresistível. É por esse motivo que as pessoas com uma personalidade mais forte tendem a atrair relacionamentos mais complicados - porque no fundo sentem-se estimuladas por esse desafio e instintivamente procuram algo onde possam investir a sua energia intensa e superar constantemente as suas capacidades. 

Em segundo lugar, embora se diga que os opostos se atraem, a verdade é que tendemos a atrair alguém que é semelhante a nós. A paixão torna-se mais intensa e acesa quando encontramos uma "força" que reflete a nossa própria chama interior. Ainda assim, o amor, quando cresce e se desenvolve, pode tornar-se mais difícil quando nos deparamos com as semelhanças que o nosso parceiro tem connosco. Duas pessoas teimosas têm dificuldade em ceder, duas pessoas impacientes acabam por discutir mais vezes, e aí por diante. Observe os relacionamentos mais difíceis que já viveu e procure compreender se as dificuldades não eram trazidas ao de cima pelas semelhanças que tinha com o seu parceiro. Se assim for, é necessário compreender que traços da sua personalidade fazem com que um relacionamento seja mais difícil, para que possa aprender a confrontá-los e a resolvê-los. Quando uma pessoa tende a atrair parceiros que de algum modo refletem os seus próprios comportamentos, existe a mensagem subliminar de que esses comportamentos precisam de ser modificados para que deixem de o prejudicar a si próprio.

Acreditando numa perspetiva cármica, atraímos relacionamentos que vêm ajudar-nos a limpar carmas que trazemos de outras vidas. Eles apresentam-nos lições que precisamos de saber ultrapassar, libertando-nos de padrões que sistematicamente nos apresentam os mesmos problemas. Há, também, relacionamentos problemáticos que vieram de outras vidas. Um amor que trouxe sofrimento numa vida passada pode vir de novo à nossa vida para que possa finalmente ser resolvido. Pode haver um laço psíquico que une duas pessoas num relacionamento amoroso em que o seu encontro é uma lição para ambos, visando a sua aprendizagem e evolução individual. 

                      Veja também: Desamores do passado: relações conflituosas que vieram de outras vidas

Por outro lado, há relacionamentos em que um confronto ideal é inevitável devido às diferenças de personalidade, mas se houver respeito e amor mútuos é possível usar essas diferenças como base para um crescimento pessoal saudável e necessário. O amor ensina-nos a aceitar as diferenças, entendendo que a forma como vemos as situações é a nossa versão pessoal delas, mas que é tão parcial e falível como a visão da outra pessoa. Estes são os relacionamentos que, embora apresentem dificuldades iniciais, por exemplo quando os dois parceiros começam a viver juntos, acabam com o tempo por dar origem a uma harmonia assente no crescimento e amadurecimento voluntário e consciente de ambas as partes. 

Existem, ainda, teorias que indicam que a escolha de um parceiro não é tão inconsciente como poderíamos pensar. Tendemos a sentir-nos atraídos pelos parceiros que de algum modo nos apresentam situações semelhantes àquelas que vivemos na nossa infância, porque é nelas que reside a nossa área de conforto.

Uma criança que teve um pai ou uma mãe frágil, que presenciou inúmeras cenas de vulnerabilidade dos progenitores e acabou muitas vezes por ter de "tomar conta" deles, tende a seleccionar, sem se aperceber, parceiros que acabam por mostrar ser pessoas excessivamente dependentes dele, ou demasiado carentes a nível emocional. Há partes da nossa mente que captam os sinais mais subtis, dos quais não nos apercebemos em consciência, mas que descartam outros parceiros que não manifestam os traços que, mesmo sendo difíceis, de algum modo reproduzem aquilo com que fomos ensinados a lidar na nossa primeira abordagem ao Mundo. Nessas situações, importa aprender a responder de uma forma adulta e madura, tomando consciência que já não somos aquela criança desamparada que procurava agradar ao pai ou à mãe. Uma vez mais convém salientar que nunca deve manter nem permitir uma relação abusiva. Mas desde que o relacionamento não seja nocivo, afastar-se do parceiro porque compreende que ele reproduz certos traços da sua mãe ou do seu pai não vai, por si só, resolver nada.

O mais provável será voltar a atrair um parceiro que acabará por manifestar os mesmos traços.

A forma de quebrar este padrão consiste em tomar consciência daquilo que o atrai e identificar a origem em que radica esse estímulo de atração, mudando a sua resposta perante ele. Se o seu parceiro é uma pessoa que se exalta facilmente, e se isso era algo que o seu pai ou a sua mãe também faziam, a resposta madura passa por tomar consciência que não é por sua causa que ele manifesta esse comportamento. Ajude-o a lidar com esse comportamento através do diálogo frontal e paciente, mas não se sinta culpado. É uma resposta dele, não é sua. Não é um problema seu. Por outro lado, um parceiro que está sempre demasiado ocupado e que não tem tempo para si pode refletir um progenitor que era, também, uma pessoa muito embrenhada na sua vida e que não lhe deu, enquanto filho, a atenção de que sentia necessidade. Esclareça agora essa situação com o seu parceiro, explicando-lhe a necessidade que sente de ter mais tempo de qualidade com ele, mas ao mesmo tempo concentre-se na sua própria vida, investindo em atividades que lhe proporcionem prazer e bem-estar a si, sem depender da presença de qualquer outra pessoa. Ao sentir-se mais ativo e compreender que já não é uma criança carente de afeto, porque sabe provir a si próprio tudo aquilo de que precisa, será mais capaz de superar as dificuldades que outrora o fizeram sofrer. 

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